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“A Democracia Brasileira deve muito a charge política. A Democracia em Mato Grosso ganha vigor com o cartun de humor crítico de Brás Rubson.”
Manoel Francisco V. Motta
Prof. Dr. em Filosofia da Educação
O Blog
Este espaço tem como objetivo divulgar o livro “No Bico, Sem Pena! Brás, 15 anos de charges”, uma publicação do cartunista Brás Rubson que traz um resumo de sua atuação na imprensa mato-grossense durante este período. Também estão aqui expostas as suas charges recentes publicadas na revista Sina.
O AUTOR
- Brás Rubson
- é cartunista e atua a mais de quinze anos na imprensa mato-grossense. Suas charges e cartuns já ilustraram os jornais da imprensa sindical, estudantil e popular. Trabalhou nos jornais “Novo Tempo”, em Rondonópolis (MT), “O Estado de Mato Grosso”, “Folha do Estado” e “Diário de Cuiabá”, em Cuiabá. Também participou, junto com outros artistas, através do Sebrae, do projeto de “Revitalização da Tecelagem Mato-grossense”. Entre 1992 e 1994, atuou em Belo Horizonte, na imprensa sindical e em jornais do partido que faz parte, o PC do B. Brás deve sua formação política à atuação no movimento estudantil e à militância partidária. Autodidata, desenha desde criança. Mas também cursou, parcialmente, Belas Artes (UFMG) e Comunicação Social (UFMT). Foi Coordenador de Comunicação em Saúde da Funasa (MT), secretário de Comunicação da Prefeitura de Barra do Garças, MT e editor do programa Terra & Negócios.
Palavras do Autor
Muito difícil foi resumir nestas páginas 15 anos de charges, ilustrações e cartuns. O dilema na hora do corte de uma charge, a frieza necessária na hora de obedecer o limite de págimas. Mas, enfim, aqui está o livro, pronto!
Sobreviver nesse tempo/vida às custas de um trabalho ainda tão pouco reconhecido nestes lados de cá do Brasil, foi um desafio. No entanto, tudo foi tempero especial e eu não deixei de saborear com prazer cada dia.
A charge diária é um exercício de concentração de energia. Começa com a busca do tema, a expressão gráfica, o texto – quando necessário – e a síntese política/humorística de uma situação. Trata-se de uma pressão saborosa, um desafio. Joga-se tudo em uma idéia. A recompensa vem no sorriso e na aprovação dos leitores e dos colegas.
De seu jeito, a charge acaba percorrendo momentos de nossa história e ajuda a refrescar a memória coletiva. Como alertou Chico Buarque: “...num dia, páginas infelizes de nossa história/passagens desbotadas na memória de nossas novas gerações/dormia, a nossa pátria-mãe tão distraída/ sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações...”. É contra esse cochilo da pátria-mãe que ergui a minha cruzada de charges e cartuns.
Mato Grosso, Brasil e o mundo são observados pela ótica da charge política nesse resumo de meus trabalhos publicados nos jornais “Estado de Mato Grosso”, “Folha do Estado” e “Diário de Cuiabá”.
Fica comigo a certeza de contribuir, desta forma, com a construção de um mundo melhor.
Brás Rubson
Sobreviver nesse tempo/vida às custas de um trabalho ainda tão pouco reconhecido nestes lados de cá do Brasil, foi um desafio. No entanto, tudo foi tempero especial e eu não deixei de saborear com prazer cada dia.
A charge diária é um exercício de concentração de energia. Começa com a busca do tema, a expressão gráfica, o texto – quando necessário – e a síntese política/humorística de uma situação. Trata-se de uma pressão saborosa, um desafio. Joga-se tudo em uma idéia. A recompensa vem no sorriso e na aprovação dos leitores e dos colegas.
De seu jeito, a charge acaba percorrendo momentos de nossa história e ajuda a refrescar a memória coletiva. Como alertou Chico Buarque: “...num dia, páginas infelizes de nossa história/passagens desbotadas na memória de nossas novas gerações/dormia, a nossa pátria-mãe tão distraída/ sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações...”. É contra esse cochilo da pátria-mãe que ergui a minha cruzada de charges e cartuns.
Mato Grosso, Brasil e o mundo são observados pela ótica da charge política nesse resumo de meus trabalhos publicados nos jornais “Estado de Mato Grosso”, “Folha do Estado” e “Diário de Cuiabá”.
Fica comigo a certeza de contribuir, desta forma, com a construção de um mundo melhor.
Brás Rubson
Brasa acesa do humor
Adalberto Monteiro
Há muitas fontes para se conhecer a história de um povo e as marcas de um período histórico. A alegria, o humor, o riso, o deboche, a sátira fazem parte dessas fontes. Com a arma do riso – entre outros artefatos de seu arsenal – o povo constrói e destrói verdades, líderes e regimes. Não se decepa a maldade apenas com a espada. Desde Cervantes – e muito antes dele – sabe-se que a vida e seus combates exigem outras armas além das convencionais. O humor, por exemplo, pode ser escudo e a alegria e a ironia podem cortar mais que navalhas.
Então, ver e ler No Bico, Sem Pena! Brás 15 anos de charges, de Brás Rubson, é percorrer pelos caminhos do riso e do humor fatos, situações, episódios, escândalos, confrontos dos diferentes âmbitos da existência, em especial da vida política e social ocorridos de 1991 a 2006, como diz o autor, “no Mato Grosso, no Brasil e no Mundo”.
A versatilidade de Brás permitiu-lhe dominar, praticamente, todas as manifestações do desenho humorístico: a charge; a caricatura, as ilustrações, a tira cômica, etc... Com estes diferentes gêneros, ele “pintou” e enfrentou temáticas variadas. De tal modo que seu livro está dividido nas seguintes partes: Poder, Moeda, Natureza, Vivências, Ilustrações e caricaturas.
Joaquim da Fonseca sintetiza, de modo brilhante, a caricatura ( palavra, usada por ele no sentido de um conceito amplo) como “a imagem gráfica do humor”. E a ela atribui as dimensões de documento histórico, fonte de informação social e política, termômetro da opinião de uma época, fenômeno estético, expressão artística e literária e diversão.
O trabalho artístico-jornalístico de Brás abarca o conjunto dessas dimensões. E sendo o caricatura “a imagem gráfica do humor”, ao longo desses 15 anos ele foi forjando o seu estilo, chegando a vencer o desafio maior de todo cartunista: a singularidade de seu traço e o tom do estardalhaço de seu riso. Singularidade essa que permite ao leitor num lance de olhos saber qual bico de pena fez nascer o desenho.
Do ponto de vista estético queremos destacar o domínio do desenho de quem pinta desde menino e passou por uma Faculdade de Belas Artes: a serenidade, a leveza e a harmonia das cores. O seu traço é eficaz para deformar e, ao fazê-lo, torna-o eficaz para ser o fiel retrato e revelar as essências dos papéis de personagens e situações. (Brás se proclama autodidata; no que se encaixa, perfeitamente, conforme Paulo Caruso: a caricatura é “uma arte que não se aprende na escola”.)
A charge como fenômeno estético é a confluência das artes plásticas com o jornalismo. Não nos esqueçamos de que monstros sagrados da pintura – como Goya, Picasso, ou nosso Di Cavalcanti – nos legaram importante acervo de gravuras que são documentos das tragédias e dilemas do tempo em que viveram.
Mas, para além desse lado estético, o trabalho dos cartunistas é, segundo o estudioso citado acima, o termômetro político e social de uma época. A Manha, de Aparício Torelly, o Barão de Itararé, e o Pasquim, de Jaguar, Ziraldo & outros – para citar apenas dois exemplos – são imprescindíveis para se aferir o desenrolar da luta contra o Estado Novo e a Ditadura Militar, respectivamente.
Essa coletânea de charges, cartuns e das ilustrações de Brás abarca desde o início dos duros anos 1990 – quando a avalanche neoliberal se abateu sobre o país – até o início da disputa da sucessão presidencial de 2006. Nesta temática, sobretudo sem pena nem piedade o bico de sua pena, honra com excelência a tradição ferina da caricatura brasileira que tem como marco inicial a publicação de Lanterna Mágica (1844) de Manoel Araújo Porto-alegre.
Principalmente nas charges dos capítulos Poder, Moeda vê-se o traço cortante de Brás denunciando os crimes e mazelas de Collor e, sobretudo, de FHC. Aliás, se FHC tivesse força o bastante teria feito com Brás, e outros tantos cartunistas, o que Mussolini fez com artistas de sua época: proibiu-os por lei de caricaturá-lo.
Como isso teria sido impraticável, mesmo sob aquela “ditadura do pensamento único neoliberal”, Brás mostra o longo nariz de Pinóquio de Collor. Tão comprido por tantas mentiras que a ponta do monstrengo pula para fora do aparelho de TV, espetando a turma da poltrona.
Agora em 2006, sobretudo quando a direita neoliberal tenta a qualquer preço retornar ao poder, ganha especial importância o conjunto de charges referentes aos dois governos de FHC. Vê-se nesse elenco, por exemplo, Fernando Henrique com um tabuleiro ladeado por um ambulante que também tem um tabuleiro pendurado no pescoço: o primeiro vende a Telebrás, a Eletrobrás e a Vale do Rio Doce e o segundo, bananas.
Assim como na literatura de humor não há um tipo único nacional, o mesmo ocorre com o cartum. O riso não ocorre de modo pasteurizado em todo o país. Dessa maneira, no trabalho artístico de Brás pode-se conhecer o bom humor brasileiro com sotaque cuiabano. Numa charge de 98 sobre a inflação, dois dragões-fêmeas conversam. A que representa a inflação mais baixa pergunta à outra: o que você comeu minha filha? Votê,agora quando. Foi só Peticomatiti—responde a colega. Os temas de Mato Grosso comparecessem com a mesma desenvoltura de liberdade de criação que marca a temática nacional e internacional. Um buraco na estrada com o formato e o “tamanho” do mapa desse estado denuncia as péssimas condições das rodovias da época.
A charge, além da imagem, exige um sintético texto humorístico. Numa delas, ainda sobre Mato Grosso, há um outdoor com o mapa do estado e, no seu interior, está escrito em letras garrafais: Maior produtor de soja, maior produtor de algodão, maior exportador de energia, Nova Fronteira agrícola. Ao pé da propaganda, um personagem indaga a um desempregado: por que não se consegue emprego num estado desses?
A temática ecológica – pujante no Centro-Oeste – aparece com força na coletânea. Destaque-se a charge em que na paisagem resta apenas uma única árvore cercada de troncos ceifados por moto-serras. No alto da imagem a legenda: Área de Proteção ambiental.
Vale dizer: o trabalho de Brás não é neutro, tem uma causa e uma perspectiva clara, como ele próprio diz, de “lutar por um mundo melhor”. E isso sem dúvida deriva de sua altivez profissional, além de uma boa dose de sagacidade e habilidade. Ele soube se impor e soube navegar nas correntezas das linhas editoriais dos jornais em que trabalhou. E, de fato, nunca deixou de dar o seu recado.
Desse modo, o conjunto da obra tem uma nítida linha política – progressista, humanista e ecológica – refratária ao neoliberalismo e aos partidos e personalidades políticas que o defendem. Todavia, a verve crítica não desaparece quando ele lida, por exemplo, com o governo Lula ao qual nutre explícita simpatia. Aparecem críticas à política de juros altos e a outros aspectos negativos do governo. A defesa é feita tendo como ponto de partida motivações justas. Por exemplo, a charge em que Lula aparece crucificado – como, realmente, o foi pela mídia – por ter usado o boné do MST (Movimento dos Sem-Terra).
Mas, não só de política vive o homem. Em Vivências, surge o futebol entre outros temas: um mapa do Brasil, vestido com a camisa da Seleção Brasileira, bípede e calçado com chuteiras. Uma alusão a Nelson Rodrigues, para quem “a seleção é a pátria de chuteiras”.
De dentro do Oeste profundo do nosso país, um artista observa o seu estado, o Brasil e o mundo. Seus colegas de redação redigem três, quatro laudas, depois de peregrinar pela cidade ou pelos despachos das agências. Eles precisam ser fiéis aos fatos e obedecer a manuais de redação. Brás tem diante de si uma folha nua. Com uma dúzia de traços e meia-duzia de palavras tem de captar pelo filtro do riso o fato pulsante da hora. Ao contrário de seus colegas, cabe-lhe deformar e exagerar; cabe-lhe desprezar os manuais e as regras, sobretudo as de “boas maneiras”. Ao fazê-lo diverte e esclarece. Não é apenas pela pena de Deus que a verdade aparece por linhas tortas...
E chega de tanto texto. Vamos às imagens – quase nuas de letras – que têm o dom de nos fazer sorrir, apesar de as iniqüidades nos sufocar. Porque o humor de Brás queima como a brasa e nos proporciona aquele riso bom que nos lava alma, pois debocha dos imperadores do mundo e enaltece a irreverência e a esperança dos oprimidos.
São Paulo, 2 de fevereiro de 2008
____________________
Adalberto Monteiro é jornalista e poeta. Integra a equipe editorial do portal www.vermelho.org.br. É editor da revista Princípios e presidente do Instituto Maurício Grabois.
Há muitas fontes para se conhecer a história de um povo e as marcas de um período histórico. A alegria, o humor, o riso, o deboche, a sátira fazem parte dessas fontes. Com a arma do riso – entre outros artefatos de seu arsenal – o povo constrói e destrói verdades, líderes e regimes. Não se decepa a maldade apenas com a espada. Desde Cervantes – e muito antes dele – sabe-se que a vida e seus combates exigem outras armas além das convencionais. O humor, por exemplo, pode ser escudo e a alegria e a ironia podem cortar mais que navalhas.
Então, ver e ler No Bico, Sem Pena! Brás 15 anos de charges, de Brás Rubson, é percorrer pelos caminhos do riso e do humor fatos, situações, episódios, escândalos, confrontos dos diferentes âmbitos da existência, em especial da vida política e social ocorridos de 1991 a 2006, como diz o autor, “no Mato Grosso, no Brasil e no Mundo”.
A versatilidade de Brás permitiu-lhe dominar, praticamente, todas as manifestações do desenho humorístico: a charge; a caricatura, as ilustrações, a tira cômica, etc... Com estes diferentes gêneros, ele “pintou” e enfrentou temáticas variadas. De tal modo que seu livro está dividido nas seguintes partes: Poder, Moeda, Natureza, Vivências, Ilustrações e caricaturas.
Joaquim da Fonseca sintetiza, de modo brilhante, a caricatura ( palavra, usada por ele no sentido de um conceito amplo) como “a imagem gráfica do humor”. E a ela atribui as dimensões de documento histórico, fonte de informação social e política, termômetro da opinião de uma época, fenômeno estético, expressão artística e literária e diversão.
O trabalho artístico-jornalístico de Brás abarca o conjunto dessas dimensões. E sendo o caricatura “a imagem gráfica do humor”, ao longo desses 15 anos ele foi forjando o seu estilo, chegando a vencer o desafio maior de todo cartunista: a singularidade de seu traço e o tom do estardalhaço de seu riso. Singularidade essa que permite ao leitor num lance de olhos saber qual bico de pena fez nascer o desenho.
Do ponto de vista estético queremos destacar o domínio do desenho de quem pinta desde menino e passou por uma Faculdade de Belas Artes: a serenidade, a leveza e a harmonia das cores. O seu traço é eficaz para deformar e, ao fazê-lo, torna-o eficaz para ser o fiel retrato e revelar as essências dos papéis de personagens e situações. (Brás se proclama autodidata; no que se encaixa, perfeitamente, conforme Paulo Caruso: a caricatura é “uma arte que não se aprende na escola”.)
A charge como fenômeno estético é a confluência das artes plásticas com o jornalismo. Não nos esqueçamos de que monstros sagrados da pintura – como Goya, Picasso, ou nosso Di Cavalcanti – nos legaram importante acervo de gravuras que são documentos das tragédias e dilemas do tempo em que viveram.
Mas, para além desse lado estético, o trabalho dos cartunistas é, segundo o estudioso citado acima, o termômetro político e social de uma época. A Manha, de Aparício Torelly, o Barão de Itararé, e o Pasquim, de Jaguar, Ziraldo & outros – para citar apenas dois exemplos – são imprescindíveis para se aferir o desenrolar da luta contra o Estado Novo e a Ditadura Militar, respectivamente.
Essa coletânea de charges, cartuns e das ilustrações de Brás abarca desde o início dos duros anos 1990 – quando a avalanche neoliberal se abateu sobre o país – até o início da disputa da sucessão presidencial de 2006. Nesta temática, sobretudo sem pena nem piedade o bico de sua pena, honra com excelência a tradição ferina da caricatura brasileira que tem como marco inicial a publicação de Lanterna Mágica (1844) de Manoel Araújo Porto-alegre.
Principalmente nas charges dos capítulos Poder, Moeda vê-se o traço cortante de Brás denunciando os crimes e mazelas de Collor e, sobretudo, de FHC. Aliás, se FHC tivesse força o bastante teria feito com Brás, e outros tantos cartunistas, o que Mussolini fez com artistas de sua época: proibiu-os por lei de caricaturá-lo.
Como isso teria sido impraticável, mesmo sob aquela “ditadura do pensamento único neoliberal”, Brás mostra o longo nariz de Pinóquio de Collor. Tão comprido por tantas mentiras que a ponta do monstrengo pula para fora do aparelho de TV, espetando a turma da poltrona.
Agora em 2006, sobretudo quando a direita neoliberal tenta a qualquer preço retornar ao poder, ganha especial importância o conjunto de charges referentes aos dois governos de FHC. Vê-se nesse elenco, por exemplo, Fernando Henrique com um tabuleiro ladeado por um ambulante que também tem um tabuleiro pendurado no pescoço: o primeiro vende a Telebrás, a Eletrobrás e a Vale do Rio Doce e o segundo, bananas.
Assim como na literatura de humor não há um tipo único nacional, o mesmo ocorre com o cartum. O riso não ocorre de modo pasteurizado em todo o país. Dessa maneira, no trabalho artístico de Brás pode-se conhecer o bom humor brasileiro com sotaque cuiabano. Numa charge de 98 sobre a inflação, dois dragões-fêmeas conversam. A que representa a inflação mais baixa pergunta à outra: o que você comeu minha filha? Votê,agora quando. Foi só Peticomatiti—responde a colega. Os temas de Mato Grosso comparecessem com a mesma desenvoltura de liberdade de criação que marca a temática nacional e internacional. Um buraco na estrada com o formato e o “tamanho” do mapa desse estado denuncia as péssimas condições das rodovias da época.
A charge, além da imagem, exige um sintético texto humorístico. Numa delas, ainda sobre Mato Grosso, há um outdoor com o mapa do estado e, no seu interior, está escrito em letras garrafais: Maior produtor de soja, maior produtor de algodão, maior exportador de energia, Nova Fronteira agrícola. Ao pé da propaganda, um personagem indaga a um desempregado: por que não se consegue emprego num estado desses?
A temática ecológica – pujante no Centro-Oeste – aparece com força na coletânea. Destaque-se a charge em que na paisagem resta apenas uma única árvore cercada de troncos ceifados por moto-serras. No alto da imagem a legenda: Área de Proteção ambiental.
Vale dizer: o trabalho de Brás não é neutro, tem uma causa e uma perspectiva clara, como ele próprio diz, de “lutar por um mundo melhor”. E isso sem dúvida deriva de sua altivez profissional, além de uma boa dose de sagacidade e habilidade. Ele soube se impor e soube navegar nas correntezas das linhas editoriais dos jornais em que trabalhou. E, de fato, nunca deixou de dar o seu recado.
Desse modo, o conjunto da obra tem uma nítida linha política – progressista, humanista e ecológica – refratária ao neoliberalismo e aos partidos e personalidades políticas que o defendem. Todavia, a verve crítica não desaparece quando ele lida, por exemplo, com o governo Lula ao qual nutre explícita simpatia. Aparecem críticas à política de juros altos e a outros aspectos negativos do governo. A defesa é feita tendo como ponto de partida motivações justas. Por exemplo, a charge em que Lula aparece crucificado – como, realmente, o foi pela mídia – por ter usado o boné do MST (Movimento dos Sem-Terra).
Mas, não só de política vive o homem. Em Vivências, surge o futebol entre outros temas: um mapa do Brasil, vestido com a camisa da Seleção Brasileira, bípede e calçado com chuteiras. Uma alusão a Nelson Rodrigues, para quem “a seleção é a pátria de chuteiras”.
De dentro do Oeste profundo do nosso país, um artista observa o seu estado, o Brasil e o mundo. Seus colegas de redação redigem três, quatro laudas, depois de peregrinar pela cidade ou pelos despachos das agências. Eles precisam ser fiéis aos fatos e obedecer a manuais de redação. Brás tem diante de si uma folha nua. Com uma dúzia de traços e meia-duzia de palavras tem de captar pelo filtro do riso o fato pulsante da hora. Ao contrário de seus colegas, cabe-lhe deformar e exagerar; cabe-lhe desprezar os manuais e as regras, sobretudo as de “boas maneiras”. Ao fazê-lo diverte e esclarece. Não é apenas pela pena de Deus que a verdade aparece por linhas tortas...
E chega de tanto texto. Vamos às imagens – quase nuas de letras – que têm o dom de nos fazer sorrir, apesar de as iniqüidades nos sufocar. Porque o humor de Brás queima como a brasa e nos proporciona aquele riso bom que nos lava alma, pois debocha dos imperadores do mundo e enaltece a irreverência e a esperança dos oprimidos.
São Paulo, 2 de fevereiro de 2008
____________________
Adalberto Monteiro é jornalista e poeta. Integra a equipe editorial do portal www.vermelho.org.br. É editor da revista Princípios e presidente do Instituto Maurício Grabois.
DEPOIMENTOS
“A Democracia Brasileira deve muito a charge política. A Democracia em Mato Grosso ganha vigor com o cartun de humor crítico de Brás Rubson.”
Manoel Francisco V. Motta
Prof. Dr. em Filosofia da Educação
“O cartum é uma forma de filosofar com arte. O Brás Rubson observa a política, os custumes e a cultura mato-grossenses com olhar agudo e recolhe ângulos inusitados que registra com traços primorosos. Dá gosto ver.”
Milton Mendes
Cartunista e arquiteto
Milton Mendes
Cartunista e arquiteto
“'Escrever é fácil', dizia Pablo Neruda. 'Começa-se com maiúscula e termina-se com ponto. No meio, põem-se as idéias', acrescentava. Mas, e como fazem os operários da imagem, da graça, com suas charges para nos alegrar ou incomodar diariamente nos jornais? Bem, se Neruda houvesse tido a oportunidade de acompanhar, como eu, o trabalho o jornalista Brás Rubson por longos, diria certamente que criar as charges também é fácil. 'Começa-se com uma leitura acurada do retrato social, e termina com a genialidade do traço firme e inconfundível. No meio, coloca-se o tempero da visão revolucionária e da criatividade da estética dialética'. Pronto. Eis aí o segredo das combativas e divertidas charges de Brás Rubson.”
Kleber Lima
Jornalista e Consultor Político da KGM SOLUÇÕES INSTITUCIONAIS.
Kleber Lima
Jornalista e Consultor Político da KGM SOLUÇÕES INSTITUCIONAIS.
“A caricatura na imprensa é um bem cultural brasileiro. Como o samba, como o carnaval, como o futebol. Brás é um craque!”
Jota Alves
Criador do Dia do Brasil em Nova Iorque
Jota Alves
Criador do Dia do Brasil em Nova Iorque
Este livro do jornalista e chargista Brás Rubson é oportuno para a cultura mato-grossense. Ele vem preencher uma lacuna por se tratar de um projeto inédito em relação aos incontáveis já patrocinados pelo Fundo Estadual de Incentivo à Cultura.
Finalmente um livro de charge. Sua produção foi demorada, pensada e repensada, sobretudo a edição das imagens escolhidas primorosamente. Trata-se de uma coletânea dos trabalhos de Brás produzidas desde o inicio de sua carreira. As charges foram publicadas em jornais e revistas de Mato Grosso e outros estados brasileiros. Os desenhos de Brás foram produzidos num período de grandes mudanças no cenário político e social no Brasil. Portanto o leitor tem em mãos um livro naturalmente debochado, podendo confirmar a dimensão do talento e senso crítico do autor. Desenho e texto em benefício do humor satírico.
Gervane de Paula
Artista plástico
Finalmente um livro de charge. Sua produção foi demorada, pensada e repensada, sobretudo a edição das imagens escolhidas primorosamente. Trata-se de uma coletânea dos trabalhos de Brás produzidas desde o inicio de sua carreira. As charges foram publicadas em jornais e revistas de Mato Grosso e outros estados brasileiros. Os desenhos de Brás foram produzidos num período de grandes mudanças no cenário político e social no Brasil. Portanto o leitor tem em mãos um livro naturalmente debochado, podendo confirmar a dimensão do talento e senso crítico do autor. Desenho e texto em benefício do humor satírico.
Gervane de Paula
Artista plástico
“Conheço o Brás há mais de 20 anos. Era muito jovem, mas sempre se pautou por uma dedicação exemplar à profissão de chargista, de homem de criação mantendo princípios lastreados na seriedade e ética. Tenho certeza que agora, mais maduro e experiente, seu trabalho vai contribuir e muito para o engrandecimento dessa profissão em Mato Grosso e, quiçá, no Brasil. Sou daqueles que acreditam que uma imagem, uma foto, uma ilustração, em suma, dependendo da circunstância, vale mais que milhões de palavras.”
Mário Marques
Jornalista, ex-secretário de comunicação do Governo de Mato Grosso, ex-secretário de comunicação da Prefeitura Municipal de Rondonópolis e, atualmente, diretor geral do site Página Única.
Mário Marques
Jornalista, ex-secretário de comunicação do Governo de Mato Grosso, ex-secretário de comunicação da Prefeitura Municipal de Rondonópolis e, atualmente, diretor geral do site Página Única.
“Nada melhor descreve o Brás Rubson do que a frase "um gênio silencioso". Dono de um traço bem dosado entre o ferino e o irreverente, é admirável ver como ele consegue manter-se ao longo dos anos absurdamente fiel a sua simplicidade. Felizmente tive a oportunidade de trabalhar com o Brás por algum tempo. O ano era 1994. Puxo pela memória e é impossível não lembrar daquele sorriso meio sem jeito, quase moleque do artista debruçado num canto de mesa.”
Margareth Botelho
Jornalista
Margareth Botelho
Jornalista
"Brás resume, em charges, a crítica mais direta que o jornalista perspicaz pode fazer em textos e o surrealismo dos fatos que somente o fotógrafo na hora e no lugar certos é capaz de captar. De humor direto, vai contando a história do povo brasileiro, com olhar autêntico, mato-grossense, e traço vanguardista. Em alguns momentos, é artista plástico".
Keka Werneck
Jornalista e presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso
Keka Werneck
Jornalista e presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso
2 comentários:
Brás, lembradeu, o lorenzo? preciso falar contigo urgente e to sem seus contatos. liga-me 36631313 (casa), 36340290 (diário de cuiabá) ou 92451472... urgente mano... abraços
muito mara meuuu kkkkkkkkkkkkkk
a qui vai o salve pra vcsss esse negocio e muito paia
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